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Ajuricaba, sexta-feira, 11 de outubro de 2024 (55) 3387-0600 /
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O município de Ajuricaba em quase sua totalidade foi colonizado por imigrantes alemães e italianos, procedentes das Colônias Velhas do Rio Grande do Sul, como Bento Gonçalves e São Leopoldo.
Os motivos que levaram esses imigrantes a deixarem seus países de origem e vir para o Sul do Brasil em busca de melhores condições de vida, podem-se definir da seguinte maneira:
A Alemanha, em relação a outros países europeus, buscou sua economia até o início do século XIX na produção agrícola, verificando-se um progresso industrial a partir de 1870, ocasionando a ruína doméstica, que não tinha condições de resistir a concorrência das grandes empresas ao mesmo tempo em que não eram absorvidas pela indústria. Essa mão-de-obra excedente viu-se obrigada a deixar seu país.
Quanto à Itália, constatou-se que a indústria era extremamente de capital externo, não se mostrando capaz de absorver a grande quantidade de mão-de-obra disponível, condenando a população à miséria e fome, levando os camponeses a abandonarem suas terras e buscarem novos horizontes.
A imigração, para uns, significou um futuro melhor enquanto, para outros, tornava possível a existência de um mercado consumidor dos produtos industrializados e a substituição da mão-de-obra escrava nas lavouras, que estava se tornando antiquada e onerosa, para braços livres na fase em que o capitalismo se encontrava.
Foi neste contexto que a mão-de-obra excedente européia passou a ser mercadoria para a América, destacando aí o Rio Grande do Sul, formando as Colônias Velhas das quais alguns imigrantes partem para formar núcleos de colonização, em nossas regiões e entre elas a Linha 19 (atual Ajuricaba) por volta de 1890.
Antes de se tornar município, Ajuricaba foi “Colônia de Ijuí”.
A Colônia de Ijuí ocupava terras que hoje pertencem aos municípios de Ijuí, Ajuricaba e Augusto Pestana.
Essa Colônia foi a primeira das Colônias Novas nas terras de cima do Planalto, situado a noroeste do Rio Grande do Sul.
Foi fundada em 19.10.1890 e chamou-se a Colônia de Ijuhy Grande, primeiro núcleo de colonização.
Com a chegada dos primeiros colonizadores foi necessário distribuir as propriedades rurais. Para melhor administrá-las foi dividido em linhas, iniciando pela Linha Uma, sede do povoado de Ijuí, vindo pela margem direita do Rio Ijuí até a Linha 32, na divisa de Condor.
Daí para diante as Colônias de Ijuí começaram a prosperar: os núcleos de colonização foram aumentando e foi necessário que a Colônia fosse dividida em Distritos.
A Linha 19 foi elevada a 3º Distrito pelo Engenheiro Augusto Pestana, Intendente Provisório do Município de Ijuí através do Ato n.º 1 de 12/02/1912 e mantida pela Lei n.º 720 de 12 de novembro de 1948 e a Lei Orgânica de 20 de março de 1948.
Em setembro de 1928, dezesseis anos após a criação do 3º distrito, o núcleo populacional da linha 19 passou a denominar-se “Sede General Firmino”, em homenagem ao General Firmino de Paula, ardoso republicano que se destacara politicamente na região. Era natural de Santo Ângelo, ocupando cargos de Deputado Federal, sub-chefe de Polícia e Comandante da Brigada na Revolução de 1923 (Maragatos e Pica-Paus).
A Colônia prosperava e já em janeiro de 1940 passou-se se chamar AJURICABA.
No período de 1940 a 1964 surgiu entre o povo Ajuricabense a idéia de tornar Ajuricaba um município, desligando-se de Ijuí.
A partir dessas idéias, foi autorizada a consulta plebiscitária pelo então governador do estado do Rio Grande do Sul, Sr. Ildo Meneghetti, através da Lei Estadual n.º 4.979 de 10.07.1965, sendo o plebiscito realizado em 29 de agosto de 1965, quando foi referendada pelo voto favorável a criação do município. Oficialmente o município de Ajuricaba foi criado através do Decreto – Lei n.º 5.085 de 08.11.1965. A instalação, porém, aconteceu no dia 29 de maio de 1966, quando foi decretada a organização do Município pelo Decreto-Lei 01/1966 de 29 de maio de 1966, ficando a sede localizada na Linha 19. Foi seu primeiro administrador o Interventor Federal, Sr. Notélio Mariotti.
ORIGEM HISTÓRICA DO NOME AJURICABA
No período de 1705 a 1750 o Brasil vivia sob o regime de colônia de Portugal, que recrutava indígenas para servir de mão-de-obra escrava na colheita do cacau.
Uma das rebeliões nativas contra essa expansão colonialista dos portugueses ficou famosa: a de Ajuricaba (Ajuri-reunião e Cauá – marimbondo, na língua geral) que liderou os índios Manaos (manau) que viviam entre os rios Negro e Branco na região Amazônica. A revolta evoluiu na medida em que o colonialismo pressionava a população para descer até os centros urbanos e plantões a fim de cumprir tarefas de produção.
Essa revolta cresceu naturalmente até arregimentar milhares de guerreiros para combater a invasão territorial que progredia sem cessar em direção dos territórios dos Manaos.
O chefe da tribo Manaos era Ajuricaba, que lutou ferreamente na luta pela defesa de sua terra invadida pelas tropas portuguesas. Os resultados dessas lutas foram sangrentos. Essa luta estendeu-se de 1723 a 1727, quando morreu Ajuricaba.
Em torno desse chefe indígena criaram-se lendas nas quais ele é visto como um herói porque, após perder seu filho, tão bravo quanto ele, lançou-se violentamente contra os soldados, ocasionando várias perdas, mas mesmo assim acabou por ser preso e posto a ferros. Apesar de estar agrilhoado, ao ser conduzido para Belém, quando passou pelo lugar da Barra, hoje Manaus, ele atirou-se às águas do Rio Negro, morrendo afogado, num gesto simbólico de quem não queria jamais se render aos invasores e apropriadores e seus semelhantes. Antes de atirar-se às águas, Ajuricaba (Foto 1, em anexo) ainda sublevou os índios prisioneiros que vinham com ele na embarcação para dela se apoderarem, pondo em perigo a tropa que os transportava.
Tendo sido reprimida a revolta de Ajuricaba, os Manaos acabaram por ser totalmente exterminados, destruídos, havendo segundo crônicas, sendo eliminados mais de 20.000 (vinte mil) índios.
Inspirados no exemplo de resistência e luta pela liberdade do herói indígena, a comunidade do 3º distrito de Ijuí em 1940 passou a se chamar AJURICABA que, para a história do município simboliza o “homem que luta pela liberdade”.
Pelos artigos 1º e 2º da Lei n.º 237, de 10 de maio de 1978, o Prefeito da época, Zeferino Preto, sancionou a Lei e foi instituído a Bandeira e o Brasão do município de Ajuricaba.
A bandeira é composta de dois retângulos iguais, sendo o da parte superior em branco e o da parte inferior em azul celeste, tendo ao centro o Brasão do município.
O Brasão do Município de Ajuricaba (Foto 2, em anexo) é composto de um escudo, encimado por uma coroa na cor do ouro, com quatro torres dando a categoria de cidade; o escudo é dividido em duas partes, sendo a superior na cor azul celeste e contendo a estampa de uma cuia de chimarrão simbolizando, além de uma das riquezas do riquezas do município, apego de nossas tradições e hospitalidade, e a estampa de um trator, que simboliza a agricultura e o elevado grau de mecanização de nossas lavouras; a parte inferior do escudo, na cor branca, possui estampado um cacho de soja e um de trigo, sobrepostos a três elos de corrente, simbolizando os primeiros habitantes, a riqueza maior do município e, os últimos, a união proveniente do cooperativismo, base em que se assenta nossa principal economia; logo abaixo do escudo, uma legenda em marrom contendo os seguintes dizeres, em preto: 29.05 – AJURICABA /RS – 1966.
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